sexta-feira, 11 de junho de 2010

Enquadramento histórico do Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela, Paredes, Sec.XII

Conforme um documento existente no Arquivo Distrital do Porto, a fundação e a construção deste mosteiro surge na sequência de uma doação feita por Dona Vivili, seu esposo Fromarigu Espasandiz e respectivos herdeiros em 1018 aos cónegos locais. A importância deste mosteiro aumenta, como demonstra outro documento disponível no Cartório do Mosteiro de Paços de Sousa, datado de 1123, em que D. Afonso VI de leão pede auxilio dos monges moradores neste mosteiro para a conquista de Toledo. Este último documento demonstra que na data referido, não só este mosteiro estava em pleno funcionamento, como toda a estrutura arquitectónica necessária para a vivência destes religiosos estava já construída. A falta de informação provoca varias lacunas temporais mas, segundo um manuscrito onde estão registadas algumas missas anuais, comprova-se que este mosteiro esteve durante esses anos em actividade religiosa.

Algumas sentenças e doações registadas em cartório entre 5 de Dezembro de 1390 e 19 de Abril de 1598 dão a conhecer atitudes tomadas por parte dos monges na administração de terrenos que pertenciam ao mosteiro na freguesia de Vilela. Na pouca bibliografia existente sobre este mosteiro é possível encontrar registos demonstrativos de um Regime Comendatário entre os anos 1500 e 1590 com a morte do último comendatário. Uma sentença, datada de 1 de Agosto de 1679, comprova a anexação in perpetuum do Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela ao Mosteiro da Serra do Salvador em Vila Nova de Gaia ocorrida entre os anos 1611 e 1612. Esta agregação foi facilitada pois ambos os mosteiros eram habitados por monges da mesma ordem religiosa. Segundo uma outra sentença datada de 21 de Agosto de 1751, contra Manuel da Costa e sua mulher, levantada pelos monges unidos in perpetuum ao mosteiro do Salvador da Serra de Vila Nova de Gaia, a destruição do Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela ocorreu entre 1749 e 1750.

A distribuição espacial da igreja do Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela era incomum, tendo em conta a sua função de albergar religiosos de ordens masculinas, pois, a porta principal ficaria virada, para o adro principal do mosteiro que se situava lateralmente como afirma António Nogueira Gonçalves (1980, pp.2-3). Esta organização espacial era frequente e exclusiva dos mosteiros femininos pois o local ocupado pela porta principal, a nascente, encontraria-se o coro baixo que permitia ás religiosas assistir ás missas. Assim sendo existia a necessidade de transferir a porta principal para a fachada lateral com o intuito de facultar o acesso ao edifício pelos comuns. Os motivos que levaram a esta mudança são uma incógnita mas a disposição geográfica actual do mosteiro, é diferente da organização espacial na época medieval. Para proceder ao ensaio reconstrutivo do desaparecido Mosteiro medieval de Santo Estêvão de Vilela, a pesquisa foi baseada em exemplares do círculo românico na zona do Douro, ocupados pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho na época medieval sendo estes planeados de acordo com os desenhos apresentados nos Boletins da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), respectivos de cada complexo arquitectónico, em como, de levantamento in loco.

Bibliografia
Gonçalves, António Nogueira (1939) A destruída igreja medieval do Mosteiro de Vilela. Separata da Lúmen. Fasc.5, ano III, Lisboa: União gráfica
Gonçalves, António Nogueira (1980) Estudos de história da arte medieval. Coimbra: Edições portuguesas de arte e turismo
Documentação de Arquivo
Arquivo Distrital do Porto:
A.D.P. Fundos Monásticos do Mosteiro de Santo Estêvão de Vilela: fundações e regulamentações, títulos da fundação e inserção canónica. doc.1
A.D.P. Fundos Monásticos do Convento de Santo Agostinho da Serra em Vila Nova de Gaia: obras canónicas dissertações jurídicas sobre as capelas e legados dos Conventos de Santo Agostinho da Serra e de Santo Estêvão de Vilela.
Cartório de Paços de Sousa:
C.M.P.S. Livro de Doações. Col.II, fol.41

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